Os moradores da Vila Cerro Azul, no Bairro Chácara das Flores, enfrentam, há anos, problemas com alagamentos decorrentes das cheias de um afluente do Arroio Cadena. Basta chover mais forte para que a Rua La Paz fique tomada pela água, que invade casas próximas e causa prejuízos.
_ Uma das enchentes já levou meu banheiro embora. Tenho só uma peça com um sofá, colchão, televisão e fogão para morar e dormir com minhas crianças _ conta Josiane da Silva Rodrigues, 27 anos.

Ela está desempregada e mora no local há pouco mais de dois meses, com os cinco filhos pequenos. Conforme ela, as crianças estão sempre com alergias por causa dos mosquitos, que se proliferam com mais facilidade em ambientes com acúmulo de água - a cada alagamento, formam-se poças embaixo da casa onde ela mora. Ainda de acordo com a mãe, uma das pequenas chegou a ficar internada na Unidade de Pronto Atendimento (UPA), no mesmo bairro, por 10 dias, em razão de uma pneumonia, também em decorrência da umidade intensa.
Outras famílias, vizinhas de Joseana, também vivem esse mesmo drama. A dona de casa Clarice Maria Tavares, 58 anos, já teve que colocar os dois netos no telhado de casa para que conseguissem escaparem dos alagamentos. Ela mora na Vila Cerro Azul há quatro anos, e se diz cansada de tentar arrumar a casa, comprar móveis novos e fazer plantações de flores e temperos no pátio.
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_ A água vem com tanta força, que leva tudo o que estiver na frente. Não podemos sair de casa, não conseguimos nem caminhar, já que os alagamentos chegam a mais de um metro de altura _ reclama ela.
O casal de netos, o filho e a mãe de Clarice, uma idosa de 80 anos, moram com ela. A dona de casa conta que a família já perdeu cães e galinhas que ela criava no pátio por conta das enxurradas. Os vizinhos da residência ao lado da dela já se mudaram porque já não aguentavam os alagamentos.
Os moradores dizem que já estiveram na prefeitura inúmeras vezes fazendo pedidos para que providências sejam tomadas para resolver o problema. Mas, até agora, dizem que nada foi feito. Clarice já passou por três grandes alagamentos e está pensando em se mudar do local.

_ Aqui é um lugar tranquilo para viver, porém, já gastamos o que tínhamos e o que não tínhamos para refazer a casa e comprar móveis novos a cada chuvarada _ lamenta.
ABANDONO E MUITO LIXO ACUMULADO

Outro ponto da Vila Cerro Azul que incomoda os moradores é um terreno que está tomado pelo lixo e pelo mato. De acordo com a vizinhança, há sete anos, cerca de quatro famílias moravam no local, mas foram realocadas para a Vila Brenner, já que, segundo moradores, na época, teria sido aberta uma licitação para construir uma praça na área. O terreno faz divisa com o afluente do Arroio Cadena, mas, até agora, nada foi construído nele.
FALTA MANUTENÇÃO

De acordo com a presidente da Associação de Moradores do Cerro Azul, Jaqueline Flores, uma retroescavadeira chegou a ir ao local, mas apenas empurrou o lixo acumulado para ainda mais perto do do afluente e, dentro do curso d'água, estão jogados eletrônicos antigos, restos de fogão e muitas sacolas de lixo. Esses objetos são levados pela correnteza e vão parar a cerca de 200 metros dali, entupindo a tubulação.
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O QUE DIZ A PREFEITURA
Sobre os alagamentos
Conforme o vice-prefeito, Sergio Cechin, que coordena o Núcleo de Avaliação e Prevenção de Desastres (NAP - Desastres), o local faz parte do mapeamento do município que identificou 261 pontos de alagamento na cidade. Segundo Cechin, o tipo de alagamento do local é causado pelo assoreamento do Arroio Cadena. Conforme o vice-prefeito, o ponto está no cronograma para receber o serviço de desassoreamento por parte do Executivo, mas que não há como precisar a data em que o trabalho será feito, em função de que a máquina que é usada no serviço está trabalhando em outras frentes.
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Sobre a construção da Praça
O vice-prefeito Sergio Cechin informou que não houve pedido de licitação para a construção da praça. De acordo com ele, foi feito um acordo com os moradores, em que a prefeitura se comprometeu com a limpeza da área, e os moradores, com o plantio de árvores e a colocação de dois bancos. Assim, a comunidade teria uma área de lazer, e não uma praça, disponível no local. Cechin afirmou, ainda, que não houve a retirada de famílias porque, segundo ele, não havia ninguém morando no local, que é uma pequena área de preservação permanente (APP).